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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

PEQUENO ENSAIO SOBRE CEGUEIRA

Aígyptos (Grego); Aegyptus (Latim), Egipto (Português europeu), Kemet - terra negra (Egípcio), Misr (Árabe), República Árabe do Egito - Jumhuriyah Misr al-'Arabiyah.

Todos os dias assistimos atuações de extremo impacto praticadas no mundo árabe, cujos exemplos maiores seriam os “homens bomba” – ataques suicidas, ladeados pelas execuções mostradas via internet e outros atos que para nós pode até parecer inexplicáveis, e que são abertamente explorados pela grande mídia e poder econômico mundial em clara busca do detrimento da imagem do povo daquela região, o Oriente Médio, subjugação social e manutenção da estima a níveis deploráveis. Cada região do planeta é mostrada ao mundo por imagens negativas, criada e explorada constantemente e o mundo, dito, civilizado é mostrado apenas por suas virtudes.

Não se fala que o inglês, por exemplo, é um sujeito arrogantíssimo que tem sérias dificuldades de sair de casa e fica expiando o mundo por detrás da janela. Sua culinária se resume a batatas. O americano que é o inglês mais adiante, nem tem culinária, piorou a batata fritando-a, também tem dificuldades de sair de casa onde fica o tempo todo atrelado à TV, tomando litros e litros de refrigerante e comendo hambúrgueres. Ambos tem dificuldades de lidar com dificuldades, tratam os problemas eliminando-os, isso quando não saem de arma em punho e fazem o serviço por si só.Os franceses também tem seus problemas,dificuldades e deficiências, ou não? Porem, tudo o que são e o que é deles é mostrado como lindos e perfeitos. Nova York nada mais é que uma 25 de Março, rua de comércio popular em São Paulo. Com uma criatividade limitada apresentam uma mesma coisa por anos e anos a fio, nos fazendo crer que pelo longo tempo em exibição a coisa é boa. Mas o que mudou nesse longo tempo foi apenas o público, pois vista uma vez não há porque retornar, que o digam os teatros da Broadway.

Porém, como diz o outro, a fila anda, e andou e os tempos não são os mesmos, novos domínios, novos posicionamentos, novas atuações. Assim a população Egípcia tem dado demonstrações, em suas manifestações pela deposição do ditador lá plantado pelos EUA, que são dignas das populações mais ordeiras do mundo. Violência houve apenas quando a polícia ou partidários do ditador atuaram em sua defesa. No mais o povo egípcio tem sido digno da nota 10 em suas manifestações por mudanças no governo de seu país.

Agora, temos alguns questionamentos a serem feitos, ou seja, essa mudança de governo virá, ou ainda, as mudanças que o povo egípcio quer virão? Antes de respondê-los façamos outra indagação, caso as manifestações que hoje ocorrem no Egito estivessem ocorrendo no Irã, cujo governo não foi plantado pelos EUA e cuja imagem no mundo ocidental é diuturnamente trabalhada, na forma pejorativa acima descrita, pela grande mídia nos fazendo concluir como governo dos mais terríveis, seriam tratadas da mesma forma?

Quanto às mudanças no Egito, muitos fatores são favoráveis, mas ao mesmo tempo muitos interesses são contrários. Um dos fatores mais favoráveis às tão buscadas mudanças é a caótica situação econômica da Comunidade Européia e EUA. A dificuldade econômica por que passam os grandes do mundo por um lado provocou a diminuição da remessa de “ajuda econômica” ao Egito, obrigando o ditador local a explorar ainda mais seu povo. Lembrando que parte dessa ajuda vai em armamentos e treinamento militar e parte em dinheiro e transações econômicas, através de empresas multinacionais, apenas para manter, por corrupção que tanto dizem combater mundo afora, o governo local ali plantado e seus asseclas. Por outro inviabiliza a tomada de medidas mais drásticas, como algum tipo de atuação militar contra o país Árabe. Assim sendo, a dificuldade do envio de “ajuda econômica” não é o fator que mais prejudica a população e tenha motivado as manifestações por mudanças, pois essa nunca chega efetivamente até os mesmos e a manutenção da “ajuda militar” sempre houve e o país e povo são pobres e seu governo e aliados riquíssimos.

Quanto à “ajuda militar” há que se refletir sobre suas causas e real necessidade pois o Egito confronta com apenas quatro países, ou seja a Líbia, Sudão, Palestina (Faixa de Gaza) e Israel e esse último é o único com poderio militar considerável e os demais jamais tiveram algum interesse militar contra a terra dos Faraós. Então esse poderio militar justifica-se apenas para a manutenção da posse do Canal de Suez pelo poderio econômico mundial, mais especificamente pelos ingleses em detrimento do mundo Árabe e o próprio Egito cujo canal faz parte de seu território. E caso as manifestações no Egito avancem em direção a um governo nacional autêntico ou pró-mundo árabe os prejuízos para a combalida economia inglesa e poderio econômico mundial serão devastadores.

É sabido que o mundo foi dividido entre as denominadas superpotências, ficando o norte da África e cercanias do mediterrâneo para a França que tem menor poder naval, as terras mais distantes para a Inglaterra com sua poderosa Royal Navy, Américas e demais do pacífico para os EUA. Então aí se encontra o porquê do Egito sempre ser colonizado ou dominado pela Inglaterra e não pela França pois encontra-se no norte da África e é banhado pelo Mediterrâneo. O Canal de Suez é estratégico tanto econômica quanto militarmente para a Inglaterra.

Já o vizinho Israel de forma alguma aceitaria o Canal de Suez ou o próprio Egito em mãos de árabes que não sejam alinhados (de seu lado). Pois além de estratégico o país conta com um exército, como já dito, considerável e que pode causar problemas relevantes. Sendo assim preferem manter o servil ditador a dar apoio ao povo egípcio que busca melhores condições de vida e maior participação. Vejam que quando se trata do Irã, ali do lado, o mundo ocidental demonstra, via mídia, ter obrigação de derrubar seu governo como forma de implantação desses benefícios, já no Egito agem ao contrário. Assim caso consigam manter o poder sobre o Egito o poder econômico mundial aceitará no máximo mudanças cosméticas no governo, como a troca do governante desde que o que venha seja alinhado, como o hoje mais cotado, o Sr. Mohamed ElBaradei, atual Diretor-Geral da Agência Internacional de Energia Atômica - A.I.E.A., da ONU, alguma participação social e coisas assim. Mas se a mobilização conseguir a implantação de governo contrário aos interesses dos dominantes muito sangue e repressão vai rolar.

Está-se utilizando a técnica de ganhar tempo, para desgastar o movimento ou ver para que direção se desloca. A denominada Irmandade Muçulmana - jamiat al-Ikhwan al-muslimun – ou Sociedade de Irmãos Muçulmanos, entidade que tem assistido ao pobre povo egípcio, até com apoio alimentar diariamente, tem força local e regional, porém é odiada pelo poder mundial e Israel, pois é Árabe em essência.

Por fim é importante lembrar que uma das técnicas de manutenção da venda de armamentos utilizada pelo poder econômico mundial tem sido o fornecimento até dado momento e posteriormente destrói-se tudo para começar novamente o fornecimento. Que o digam Iraque, Afeganistão, Vietnã, Coréia, outros países da África, etc, etc, na forma de “ajuda militar e econômica”. Assim, não fosse a penúria econômica das superpotências que inviabiliza mais uma guerra a curtíssimo prazo essa pode vir através de Israel que tem poder econômico, logístico e militar para tal, logicamente assistido em especial pela Comunidade Européia – OTAN e EUA, sob o argumento da democracia, segurança mundial e apoio ao “pobre” povo egípcio, além de que as manifestações já se espalharam pelo mundo Árabe.

José Maria T. M. Silva
Fevereiro de 2011
Nova Resende – MG.

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